segunda-feira, 9 de março de 2009

Investigação-acção em Educação

No campo da educação, a investigação-acção é um método orientado para a prática educativa, partindo do pressuposto de que é possível conciliar num mesmo percurso a investigação e a acção.
Os “investigadores – actores” desenvolvem uma reflexão sobre as suas práticas à medida que se desenrola o processo invesgativo, ganhando consistência nos seus conhecimentos e melhorando as suas performances no contexto educativo (Sandín Esteban, 2003).
Analisando o modo como vários autores conceptualizam este método de investigação, há unanimidade em afirmar que este diz respeito a um problema ou situação real, a intervenção ocorre no contexto onde o problema é vivenciado, é realizada pelos próprios intervenientes na acção, pretende contribuir para a mudança e engloba obrigatoriamente um percurso que combina a reflexão com a acção, num processo lógico, sistemático e contínuo (Sanches, 2005).

As fases do processo de investigação – acção contemplam, entre outras, a identificação, clarificação e diagnóstico de uma situação problemática para a prática; a revisão da literatura para encontrar o que pode ser aprendido de outros estudos já realizados na área; a definição de estratégias de acção para resolver o problema; a selecção dos procedimentos de investigação; a implementação do projecto; a observação e registo dos efeitos do projecto implementado e a reflexão sobre os esses efeitos tendo em vista uma nova clarificação do problema (Cohen, Manion e Morrison, 2004).
Em suma, esta é uma metodologia de investigação onde o investigador se envolve activamente na causa da investigação contribuindo para o desenvolvimento de uma prática reflexiva que, por seu turno, conduzirá a mudanças positivas no ambiente escolar, na generalidade das práticas educativas adoptadas e melhorará os “resultados” dos alunos.

Tuckman (2000) defende que um estudo tem validade interna quando o “seu resultado está em função do programa ou abordagem a testar” e tem validade externa “se os resultados obtidos forem aplicáveis no terreno a outros programas ou abordagens similares”.
A validade externa está directamente ligada à confiança nos resultados da investigação, a fim de ser possível generalizá-los e não se pode dissociar um razoável grau de validade interna, dando consistência às conclusões antes de tentar a generalização.
Desta forma, dadas as características e essência da própria metodologia, os resultados que a Investigação-acção produz não se podem generalizar para além do restrito grupo em que a investigação foi desenvolvida, limitando-se, quando muito, à resolução local do problema que a despoletou podendo significar a melhoria das estratégias de trabalho utilizadas e/ou a criação de condições para a introdução de melhorias significativas ao nível da qualidade e da prática docente desenvolvida (Benavente et al 1990).
Esta metodologia de investigação tem como propósito, resolver questões de carácter prático, partindo de uma situação real e não tendo como objectivo a generalização dos resultados obtidos. A sua principal finalidade é a resolução de um dado problema para o qual não há soluções baseadas na teoria previamente estabelecida.


Referências:

Benavente et al. (1990). Práticas de mudança e de Investigação - Conhecimento e Intervenção na escola primária. Revista Critica de Ciências Sociais, pp. 55-80.
Consultado em Janeiro de 2009 em http://www.ces.uc.pt/publicacoes/rccs/029/ABenavente_at_al._pp.55-80.pdf

Cohen, L, Manion, L, Morrison, K (2004). Research Methods in Education. London. Routledge Falmer.

Sanches, I. (2005). Compreender, Agir, Mudar, Incluir. Da investigação-acção è educação inclusiva. Revista Lusófona de Educação , 05, pp.127-142.
Consultado em Janeiro de 2009 em http://rleducacao.ulusofona.pt/arquivo_revistas/Educacao05/pdf05/artigos_isabelsanches.pdf

Sandin Estaban, M.P. (2003). Investigacion Cualitativa en Educación. Madrid. McGrawHill.

Tuckman, B. (2000). Manual de Investigação em Educação. Lisboa. Fundação Calouste Gulbenkian

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